quarta-feira, 30 de outubro de 2013

E aí? Vai um Photoshop?

Publicitários contam quais clichês baniriam da propaganda


Mundo nada cão
A família feliz é composta por uma mãe, um pai, dois ou três filhos e... um golden retriver. "É batata. Se tiver cachorro, vai ser dessa raça. Ou, se você precisar treinar muito o cachorro, é um border collie, porque o golden é bem limitado pra aprender truque."

Olha como limpa
Sempre que o efeito microscópico mostra um sabão funcionando, suas moléculas entram com violência nas fibras do produto. "Quero tomar veneno toda vez que vejo", diz o vice-presidente de uma grande agência.

É isso mesmo!
O armário custa R$ 500. É isso mesmo! Um litro de refrigerante por R$ 2,30?! É isso mesmo?! "Por que depois de anunciar o preço, comerciais de varejo colocam uma voz que, maravilhada diz: 'É isso mesmo!'? Eles pensam que a gente é surdo."

Sou meu público
"Não dá mais para as empresas quererem pôr só quem é o público-alvo no comercial", queixa-se o presidente de uma agência. Se o comercial é de bolacha, quem estará no casting? Jovens magros. Se é de remédio? Velhinhos felizes. "E se a gente pusesse pessoas de verdade?"

Sangue azul
O absorvente realmente absorve? Vejamos se ele passa no teste levando uma pipeta de sangue... azul?! "Por que é sempre azul o sangue? A mulher média é da família real inglesa para ter sangue azul?", pergunta-se o redator de uma firma com menos de uma década de mercado.

Universo colorido
Todo comercial deve representar a diversidade étnica do Brasil, de preferência nas proporções do último Censo. "É o politicamente correto cobrando seu improvável ou é de uma unanimidade que não condiz com a demografia brasileira", diz um diretor de criação.

Eu, eu, eu, eu
A marca acredita no futuro. E acredita num mundo melhor. E acredita que a vida possa ser mais fácil. O que ela tá vendendo mesmo?

Nove entre dez...
Médicos, dentistas, fisioterapeutas ou psicólogos. Não importa a categoria profissional, mas nove entre dez dos entendedores recomendam o produto (o que quer que seja). "Eles não dizem dez entre dez recomendam porque tem um que não conseguiram encontrar, quem sabe ele não morreu por não recomendar?", pondera um publicitário com 30 anos de experiência.

Tomado por dentro
O produto, seja um iogurte laxante ou um antiácido, faz bem para sua saúde. Como contar isso? Mostrando um recorte do corpo, ao meio, que ilustre o líquido descendo e mudando a cor de algum órgão.

A solidão do carro zero
Você sai da concessionária com o possante comprado e, num passe de mágica, as ruas se esvaziam. Não há nenhum outro automóvel. "Dou um milhão para quem me disser o porquê de comercial de carro ter que ser em cidade-fantasma, não tem nem quem abasteça!", pergunta um profissional.

Versão brasileira...
A trilha sonora ideal é uma música de medalhão que consumiria metade do orçamento? Não tem problema: pegue um cantor quase famoso, faça uma versão dela e pague menos da metade!
FONTES: Guime Davidson, vice-presidente da WMcCann; Eugênio Mohallem, diretor de criação da Y&R; Max Petrucci, presidente da Garage; Bruno Pinaud, redator da No Bull Shit; Pedro Cappeletti, vice-presidente de criação da Grey; Carlos Ederário, da produtora Sons Públicos